Estrangeiros estão comprando terras brasileiras: E agora?
A análise identificou aumento expressivo de operações
A análise identificou aumento expressivo de operações - Foto: Canva
A expansão do capital internacional no campo brasileiro voltou ao centro do debate após a divulgação de uma pesquisa que analisa a crescente presença de investidores estrangeiros no mercado de terras. O estudo aponta que o avanço da financeirização tem ampliado o controle estratégico sobre áreas agrícolas, reforçando a concentração fundiária e a entrada de grandes corporações globais no setor.
Conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e publicada na revista Rural Sociology, a investigação examinou dados de 2024 e 2025 com base na plataforma Land Matrix e em levantamentos que monitoram transações fundiárias em larga escala. O trabalho buscou entender como a influência de agentes financeiros afeta a estrutura agrária e a distribuição da terra no país.
A análise identificou aumento expressivo de operações com origem estrangeira, com destaque para multinacionais do agronegócio e gestoras internacionais de ativos. Segundo os autores, esse movimento indica um processo consistente de estrangeirização e fortalecimento de grandes atores financeiros na definição do uso da terra. A pesquisa aponta que a ampliação desse poder tende a direcionar a gestão fundiária para estratégias voltadas ao retorno de mercado.
O estudo também avalia possíveis impactos desse avanço, como perda de autonomia produtiva, riscos de desalinhamento entre interesses financeiros e demandas sociais e maior vulnerabilidade a oscilações externas. Para os pesquisadores, a dependência crescente de capital internacional pode gerar efeitos relevantes para a dinâmica econômica e para o papel do agronegócio no país.
“Uma parcela importante dos fluxos de investimento em transações de aquisição de terras no país teve origem externa. Grandes multinacionais do agronegócio e gestoras globais de ativos financeiros ocuparam posições estruturais de destaque na rede de transações envolvendo grandes áreas agrícolas brasileiras. A financeirização do setor pode levar a práticas de gestão orientadas à maximização dos interesses de empresas e do mercado financeiro, ampliando o controle desses agentes sobre um segmento relevante da economia nacional”, diz o estudo.